quarta-feira, 29 de junho de 2011

Eu sei.

A: De onde paramos?

B: Nunca paramos.

A: Conversas repetitivas…

B: Vida repetitiva.

A: Cadê voce?

B: No mesmo lugar.

A: Quem é você?

B: A mesma pessoa.

A: Eu cansei.

B: Do quê? Nem começamos.

A: Temos algo pra começar?

B: Para. Já acabamos com isso.

A: Acabamos com o quê?

B: Com o encanto.

A: Perdeu encanto?

B: Se transformou em nostalgia.

A: Você não me pergunta nada, nunca.

B: Cadê voce?

A: Te procurando.

B: Quem é você?

A: Não sei.

Esteban.

domingo, 26 de junho de 2011

 

A: As novas construções são diferentes, mas não menos confortáveis.

B: Cuidado pra não firmar essas construções nos mesmos lugares frágeis…

A: E existe algum lugar que não seja frágil?

B: Eu acredito que sim.

A: Então…Talvez eu já o tenha encontrado. Ou talvez não.

 

A: Como faz pra saber?

“e o que eu senti há um tempo atrás…”

Para minha própria incredulidade, mudou.

Quer dizer, não mudou; eu só descobri que, afinal de contas, tu estavas certo: nós confundimos as coisas.

Você, o que sentia.

Eu, por quem sentia.

Parafraseando José de Alencar, como Pigmaleão eu acabei cinzelando uma estátua, e, como o artista mitológico, me apaixonei por minha criatura, da qual tu não és senão – perdoe-me a sinceridade – um esboço bastante grosseiro.

Enfim, não sei se devido ao tempo ou às mudanças ou aos dois, mas essa estátua ruiu.

 

Espero que sejas feliz, é.

Gosto de você.

 

Me aposentei da carreira artística.

sábado, 25 de junho de 2011

Então você está confusa com seus sentimentos. Ele apareceu tão de repente na sua vida, com aquele brilho manso no olhar, com aquela meiguice na voz, sem pedir coisa alguma, meio como um Pequeno Príncipe caído de um asteróide. A princípio você nada percebeu de diferente. O susto veio quando você se lembrou das palavras da raposa, explicando ao Pequeno Príncipe o que era ficar cativo: É assim. A princípio você senta lá e eu aqui. Depois a gente vai ficando cada vez mais perto. Os passos de todos os homens me fazem entrar dentro da minha toca. Mas os seus passos me fazem sair.

Antoine de Saint-Exupéry

As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades. Principalmente de necessidades.

(Martha Medeiros)

Talvez seja a saudade a única ligação entre as coisas.

(Cornelia Funke)
"E eu vasculho as caixas do meu tempo
tentando achar um dia a mais pra viver com você"

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Verdades, Finais e Leis de Newton.

Ainda guardo o primeiro Aurélio que ganhei; dado pelo meu pai, quando eu tinha uns oito anos de idade. A espessura do livro me assustava, mas ele foi bastante útil nas primeiras leituras; a definição que apresentava para as palavras era para mim a exata: nada mais, nada menos. Daí pra cá passaram-se alguns (poucos) anos, páginas e experiências e minha opinião quanto aos dicionários acabou mudando. Não que eu duvide que eles estejam certos, mas ‘certo’ é diferente de ‘completo’. Esse ‘completo’ é bem pessoal, eu diria. Nós acrescentamos significados às palavras conforme convivemos com o que elas expressam.’Verdade”, por exemplo, está dicionarizada assim:

VER-DA-DE sf. 1. Conformidade com o real  2. Coisa verdadeira  3. Princípio certo.

É, verdade é isso. Mas não só.

Há quem acredite que existem verdades absolutas, enquanto outros dizem que elas são sempre relativas; minha opinião quanto à isso varia, mas de uma coisa tenho certeza: às vezes, a verdade significa ‘algo que machuca’. Esse tipo de verdade é difícil de ser dito; machuca quem ouve, machuca quem guarda e até quem diz. Mas, vez por outra, você acaba tendo que falar, porque sabe que existe, pelo menos, uma pessoa que tem o direito de saber. Então você faz isso. Por ela.

Pontos finais também machucam.

Pontos finais combinados à verdades difíceis machucam ainda mais.

Mas você faz isso.

Por ela.

É extremamente bom quando essa pessoa reconhece o que tu fizestes. Mas isso nem sempre – quase nunca – acontece. Quando se é ferido, quere-se ferir também. É instintivo. Terceira Lei de Newton.

Então tua verdade é retribuída com uma mentira. Nova ou velha, não importa: uma mentira é sempre uma mentira.

E isso é como levar um puta soco no estômago, daqueles que nos fazem cair no chão e ficar sem ar.

Talvez tu não te  levantes.

Talvez tu não queiras te levantar.

Ou talvez ainda tu queiras revidar.

Xingar.

Quebrar.

E isso vai virar um jogo; um ciclo vicioso no qual vocês estarão presos até… até que alguém canse. Mas o orgulho nem sempre deixa que esse momento chegue. Não a um intervalo de tempo ‘saudável’, pelo menos.

Não, não revide. Pelo contrário: desafie as Leis da Física.

Há certas ações que não merecem reação.

 

Forgive.

Forget.

And go on.